Uma Dúzia de Livros - Um livro que começaste mas não acabaste: «Sapiens - História Breve da Humanidade», por Yuval Noah Harari
Para o mês de março a anfitriã do desafio literário Uma Dúzia de Livros, deixou-nos como proposta pegarmos naquele livro que, por algum motivo, não conseguimos acabar. E, ei-lo: Sapiens - História Breve da Humanidade, um livro do historiador e investigador Yuval Noah Harari. Comecei a ler este livro no verão de 2019 e já ia a meio quando inexplicavelmente parei, para só lhe voltar a pegar no início deste mês. Não sei realmente justificar este interregno tão longo; trata-se de um livro extremamente interessante, que se propõe a um objetivo muito ambicioso - o de rever alguns momentos essenciais da história da evolução da humanidade. Tudo certo com o objetivo e tudo certo com a escrita; parece que há livros que simplesmente não servem o nosso propósito em determinado momento das nossas vidas. Foi esse o caso.
No entanto, esse problema foi facilmente ultrapassado quando lhe voltei a pegar. Com uma escrita cativante, foi como ler ficção num livro pejado de factos.
O manuscrito divide-se em quatro partes: a revolução cognitiva, na qual acompanhamos o desenvolvimento das capacidades cognitivas do sapiens, ainda caçador-recolector, nomeadamente as novas formas linguísticas de comunicação; a revolução agrícola, que o autor defende que acabou por piorar tanto a dieta, como a qualidade de vida dos humanos; a unificação da humanidade, parte em que acompanhamos a proliferação do sapiens pelos diferentes continentes; e, por fim, a revolução científica, parte que ocupa quase metade do livro, em que acompanhamos o Homem a progredir no campo tecnológico e científico, a descobrir e a inventar mecanismos que facilitam e melhoram a vida, e outros que, pelo contrário, são capazes de a destruir. Esta revolução, que vivemos ainda neste preciso momento, dá-nos a assistir a luta pela imortalidade e pelo infinito. Uma luta que atrai, ao mesmo tempo que assusta e coloca inúmeras questões éticas e existenciais em cima da mesa. Se acabarmos com a mortalidade natural, que sentido terá a vida? Seremos capazes de motivação se não tivermos a ameaça do tempo contado a pairar nas nossas mentes? Talvez valha a pena pensarmos um bocadinho melhor nisto. Esta reflexão lembrou-me o final da fenomenal série «The Good Place», uma série de comédia com muita filosofia à mistura e que nos põe a pensar sobre as questões da existência e do significado daquilo que vivemos.
O autor despede-se num posfácio cujo título é «O animal que se tornou Deus», frase esta que dá mote ao livro que publicou depois, «Homo Deus».
Avaliação: 4/5*
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