«Rebecca», por Daphne du Maurier

Rebecca (1938) é o primeiro romance que leio de Daphne du Maurier. Envolta por uma atmosfera mística muito bem conseguida, Rebecca é uma história que nos prende e envolve sem que demos conta disso. 

A narrativa é contada da perspetiva de uma jovem inocente, que durante a sua estadia em Côte D'Azur como dama de companhia de uma senhora austera e desagradável, conhece o distinto e recentemente viúvo Mr. de Winter (Maxim), que em poucas semanas se torna seu marido. Regressados da lua-de-mel, chega a hora da nova Mrs. de Winter conhecer a afamada Manderley - a propriedade de Maxim, conhecida pela sua inigualável beleza. À sua espera, a jovem tem uma mansão repleta de empregados para a servirem, divisões para conhecer e animais para conquistar. Mas há mais. Desde cedo que a recém Mrs. de Winter se apercebe que a memória da antiga mulher de Maxim paira em Manderley mais viva do que ela própria se sente. Insegura de si como só os jovens adultos podem ser, Mrs. de Winter molda o fantasma de Rebecca de acordo com o que ouve e imagina, pintando uma mulher perfeita: a mais bela do mundo, que atraía todos os homens e mulheres, a melhor anfitriã e organizadora de grandes festas e, sobretudo, a mulher que tinha a inteira devoção de Maxim. Assombrada por esta ausência tão presente e pelo acanhamento de nunca conseguir competir com a falecida, Mrs. de Winter vive o inferno num cenário paradisíaco, nos belos vales da propriedade e junto ao mar onde Rebecca havia morrido.

Sempre com um toque de suspense, assistimos ao desvendamento da autêntica personalidade de Rebecca, bem como dos verdadeiros acontecimentos que levaram à sua morte, como num policial. Gabo a capacidade de Maurier na construção do cenário de Manderley, verdadeiramente misteriosa e com uma aura maga muito própria. Quanto às personagens, com a exceção de Rebecca, senti que todas as outras (narradora incluída) ficaram aquém do desenvolvimento que podiam ter alcançado, tendo em conta o grande potencial que tinham. 

"Pensei em quantas pessoas não haveria neste mundo que sofriam, e continuavam a sofrer, por não conseguirem soltar-se da sua própria teia de timidez e acanhamento e, nessa sua cegueira e loucura, erguiam um muro enorme à sua frente para ocultarem a verdade."

A escrita tem estilo próprio e um forte caracter de suspense que, pessoalmente, me agrada muito e me prende às páginas. Recomendo a quem gosta de ficção com um toque de mistério.


Avaliação: 3/5*

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