"Call me by your name", por André Aciman (2007)

Decidi ler este livro depois do filme, cujo argumento foi dele adaptado, ter sido nomeado para os óscares de várias categorias (entre os quais melhor argumento adaptado, o qual veio a ganhar). Embora já o tivesse na prateleira há algum tempo, só agora lhe peguei. Apesar do alarido em redor do enredo, comecei a leitura sem grandes expectativas, como quem parte de um zero forçado - aprendi com os anos que opiniões são só e isso mesmo, opiniões, pertencentes a determinadas pessoas, com determinadas histórias e, por isso, únicas, pessoais, e acima disso, intransmissíveis. Quis então eu própria decidir o que achava de André Aciman, da sua escrita e do que tinha para contar. 

Uma das coisas que mais me agradou neste livro é o facto de não se utilizar nem uma única vez as palavras "homossexual", "gay", ou qualquer outra da mesma família. Esta escrita não cai em vulgaridades desse género e isso é algo que se aprende logo nas primeiras páginas. Entramos na cabeça de um rapaz de 17 anos, com uma cultura imensa e uma imaturidade emocional juvenil e comovente, e depois aconchegamo-nos por lá. Aprendemos-lhe os pontos fracos e as suas tantas virtudes. Começamos a gostar muito dele, a querer ver até onde ele vai, a recear por ele e a ansiar com ele... e tudo isto com uma naturalidade assombrosa. Jamais se pode resumir este enredo a uma frase, como tantas vezes tenho visto. Fazê-lo, é maltratar a narrativa.

Acima de tudo, para mim ficou claro que esta não é uma história de amor, nem sobre a autodescoberta das várias formas de amar. É algo mais profundo do que isso, vai mais longe, supera todas as fronteiras que, no amor, quase sempre se erguem. Este é um livro sobre a intimidade máxima: o ser-se o outro, o ter-se no outro. 

"This is like coming home, like coming home after years away among Trojans and Lestrygonians, like coming home to a place where everyone is like you, where people know, they just know — coming home as when everything falls into place and you suddenly realize that for seventeen years all you'd been doing was fiddling with the wrong combination."

"Was he my home, then, my homecoming? You are my homecoming. When I’m with you and we’re well together, there is nothing more I want. You make me like who I am, who I become when you’re with me, Oliver. If there is any truth in the world, it lies when I’m with you, and if I find the courage to speak my truth to you one day, remind me to light a candle in thanksgiving at every altar in Rome."

"(...) it would finally dawn on us both that he was more me than I had ever been myself, because when he became me and I became him in bed so many years ago, he was and would forever remain, long after every forked road in life had done its work, my brother, my friend, my father, my son, my husband, my lover, myself."

"You are the only person I'd like to say goodbye to when I die, because only then will this thing I call my life make any sense. And if I should hear that you died, my life as I know it, the me who is speaking with you now, will cease to exist." 


Que coisa mais linda.




Comentários

  1. Sem dúvida, terei de dar uma vista de olhos, no mínimo, ao filme! Ao livro, logo se verá! Mas tenho visto muitas opiniões positivas quanto ao mesmo :)

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